sábado, 27 de abril de 2013

INVERSÃO DE VALORES

Certa vez fui a uma igreja me queixando de ansiedade, depressão e estress.  Imediatamente o reverendo, solícito e muito articulado, foi logo me orientando: _ Filha, vá ao médico e se precisar, não relute em tomar medicamentos!
Triste, fui parar no médico. Ele me fitou profundamente, depois que expliquei porque estava ali. Passaram-se  alguns segundos que pareceram uma eternidade quase constrangedora. Com uma sabedoria inquietante ele me disse: _ Filha, leia a Bíblia  e faça oração pelos menos uma vez ao dia!
OBRIGADA PESSOAL DO SAMU!
Dois anjos entraram por aquela porta... Não tinham asas nem estavam de branco. Vestiam roupa azul com listas vermelhas. Tinham botas pretas e passos firmes. Empunhavam uma maca. Braços fortes.
Movimentos certeiros. Atitudes respeitosas. Pacientemente carregaram minha mãe e a levaram para o hospital... 
Tem gente que nem parece gente! Parece anjo de plantão!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

OBRIGADA!

GENTE, EU NÃO TENHO PALAVRAS PARA DIZER O QUANTO SOU GRATA AO APOIO E À TODAS AS MANIFESTAÇÕES DE CARINHO QUE ESTOU RECEBENDO! OBRIGADA A TODOS VOCÊS! QUE DEUS OS ABENÇOE! QUERO AGRADECER TAMBÉM AOS MARAVILHOSOS E IDÔNEOS PROFISSIONAIS QUE ESTÃO COMIGO NA ONG MARIAS DA INTERNET - VOLUNTÁRIOS EXCEPCIONAIS QUE TÊM UM ÚNICO OBJETIVO: SOCORRER MULHERES QUE SEJAM VÍTIMAS DESSA DESUMANIDADE QUE É O CRIME CIBERNÉTICO! SE PUDERMOS TIRAR UMA VIDA DO CAOS DO DESESPERO E DAR UMA LUZ E SUPORTE À ELA, MOSTRANDO QUE SEMPRE HÁ ESPERANÇA, NOSSA LUTA NÃO TERÁ SIDO EM VÃO. MINHA DOR NÃO TERÁ SIDO INVÁLIDA . QUERO ESTENDER A MÃO E FAZER ALGO POR ESSAS MULHERES QUE SÃO VIOLENTADAS SEM O MENOR DIREITO A DEFESA OU A UMA JUSTIÇA QUE LHES DEVOLVA A HONRA VIOLADA. O CRIME NA INTERNET É IRREPARÁVEL. MAS A JUSTIÇA DE DEUS É CERTA. O IMPORTANTE É UNICA PERDERMOS A FÉ NAQUELE QUE É JUSTO JUIZ! MINHA VIDA É UM MILAGRE! SOU UMA SOBREVIVENTE DO CRIME CIBERNÉTICO. ESPERO SER UM CANAL DE BENÇÃO PARA TODAS AS MULHERES LESADAS POR ESSE MAL!

segunda-feira, 22 de abril de 2013






PRECONCEITO

Ele é cego
Mudo e
Tácito.

É impiedoso
Crueldade desumana
Embora nasça em corações de carne.

Seu poder é destrutivo
Não escolhe sexo
Nem cor, nem raça...
Nem classe social,
Nem conta bancária...


Ou melhor
É destrutivo sim,
Atinge qualquer coisa
Que lembre sexo
Que seja de cor
Que assume sua raça
Que não tem classe social
E nem conta bancária.

domingo, 21 de abril de 2013


Meu filho amado...

“Perder um filho é como achar a morte”...
Nunca a frase de um poeta foi tão real...
Verdade fatal, irreversível, cruel, atroz, insuperável.

Quando te vi, meu filho tão triste,
 tão só, tão lindo, tão novo, tão maduro,
solto, no mundo, diante do vazio
e da imensidão do céu azul ao pôr do sol,
 à mercê da vida,
 entregue aos seus próprios pensamentos,
fitando novos horizontes, vislumbrando outros caminhos, prospectando outras terras,
 flertando com as incertas possibilidades do futuro,
insólitas conjecturas,
 incertezas de um novo mundo;
 distante dos braços maternos,
fora do alcance dos meus braços,
 braços que embalaram seus primeiros sonhos de menino,
que o mantiveram em doces e enternecidas canções de ninar,
que o acalentaram desde a tenra infância
 que o apoiaram em seus primeiros passos...
que o protegeram, cheios de amor e carinho,
 meu coração sangrou.
Rasgou-se em mil pedaços.
Chorou a dor da perda do primogênito.
Dor irremediável, surda, pesada, muda.
Filho, nada me separará de você - nem a distância, nem o tempo, nem as pessoas, nem a própria vida, com suas surpresas e incertezas, nada poderá me afastar de você. Meu amor me une a ti com amarras eternas do amor do próprio Deus, o criador. Nada tirará de mim a beleza de ser sua mãe!


sexta-feira, 19 de abril de 2013


segunda-feira, 15 de abril de 2013


SÁBADO, 19 DE JUNHO DE 2010


INFELIZMENTE, TRAUMAS FICARAM...


UM SONHO RUIM
Sabe, ainda hoje tenho sonhos ruins... Minhas noites acabam povoadas por sensações e sentimentos que me dão calafrio. Não sei se um dia vou esquecer o que sofri... O peso dos olhares, a acusação, o escárnio. Parece que fui a guerra e vi tantas mortes... Sabe, soldados que foram às trincheiras de guerra e voltaram marcados por verem tanta gente morrendo? Por enfrentarem a morte? Pois é: eu enfrentei a morte durante esses quatro anos!
Morri aos poucos... Fui sendo marcada e extinguida a cada olhar punitivo, a cada foto que saía com meu nome, endereço, telefone e email na Internet... A cada postagem na Rede Mundial de Computadores, em sites de pornografia, vendo minha imagem, misturada nos mais baixos recônditos da prostituição on line. Foi duro golpe ver meu nome de jornalista, de mãe, de filha, de professora, de ser humano que lutou tantos anos para ser alguém na vida, que estudou e acreditou no ensino, no trabalho, nas pessoas, e por último, no companheiro... Alías, não só acreditei- eu amei quele homem!
Eu não fui a guerras civis, enfrentei uma guerra fria deflagrada contra mim pela Internet, no âmbito virtual, que ecoou na minha vida real. Eu não vi pessoas morrerem - eu enfrentava minha própria morte todos os dias e lutei numa batalha sem tréguas para sobreviver... A cada golpe, cada olhar, cada circulação ou postagem que era feita sobre mim eu sofria e morria um pouco mais! Uma luta que me trouxe sérios danos... Depressão, vontade de ficar em casa, medo das pessoas, vontade de não sair do meu quarto, uma ausência de vontade completa! Entendi porque algumas pessoas se desesperam a ponto de querer deixar de viver, o que sentem aquelas que saem pelo mundo afora, e se transformam em andarilhos, vagando a esmo, sem rumo e sem esperança, querendo sumir de todos e de tudo!
Às vezes tenho pesadelos e acordo gritando a noite! Sonho que saí de casa e de repente, as pessoas começam a me olhar de modo estranho. Daí, me olho, e me dou conta, de que minhas roupas desapareceram, sumiram, meu corpo ficou nu! Então, saio correndo e tento fugir das pessoas... Acordo, assustada, com um grito impotente, engastalhado na garganta, pedindo socorro!
Outro pesadelo às vezes me acompanha. Sonho, por vezes, que estou indo a um banheiro desconhecido... Daí, de repente, esse banheiro fica com as paredes transparentes... Daí, me vejo cercada de olhares invasivos... As paredes se rompem ou simplesmente desaparecem, como num passe de mágica, e repentinamente me vejo surpreendida em público, exposta, com minha tristeza e o olhar punitivo dos transeuntes.

Sonhos ruins, que ainda povoam meu sono à noite, mesmo após 4 anos em que fui vítima de crime na Internet. Algumas coisas machucam a alma e não temos como medir a dimensão nem a profundidade da ferida. A dor vem à tona enquanto o subconsciente trabalha, nas horas solitárias da noite...

Queria então, poder dizer para mim mesma, como diria minha mãe, com aquele carinho que tinha a mágica capacidade de mandar embora todos os bichos papões que viessem incomodar nossa noite de sono: “Volte a dormir minha filha! Isso tudo não passou de um pesadelo! Foi só um sonho ruim! Você estava sonhando! Tudo vai ficar bem!”

SEGUNDA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 2010




O ROSTO DA VIOLÊNCIA

Uma mulher deu entrevista à alguns meses para o mundo todo. Não me lembro do nome...nem de onde era. Nem do “rosto”! Ela praticamente não o tinha... Era algo meio medonho! Mas me lembro dela ter o rosto esmigalhado pelo ex... Estava dando uma entrevista depois de dezenas de cirurgias que lhe devolveram a face e parte de alguma sensibilidade ... Aquela mulher é a personificação do que pode acontecer a uma mulher que escolhe errado seu companheiro e sem saber, dorme com o inimigo! Veja, os bons que me perdoem! Mas eu não poderia perder a deixa!
A Connie Culp teve o rosto esmigalhado! Seu companheiro destruiu seu rosto, quis destruir sua identidade! Até quando vamos aceitar que esses animais sejam donos da razão e tenham essa coragem? A violência contra a mulher tem muitas caras e formas de ser... Pode ser sutil ou escancarada! Como uma coerção psicológica ou o cúmulo da destruição da identidade, psicológica, virtual ou física. A violência que Connie Culp sofreu foi concretamente física... Simbólica - destruição de sua identidade! Sabe, não sei o que é pior, se é a destruição física ou a moral... veja (não seja simplório) - todas elas levam a destruição psicológica! Ás vezes, tenho certeza que é a que ela sofreu é pior que a que eu sofri, que a minha não é maior... Ela teve o rosto destruído e nem consegue sentir o gosto dos alimentos. Perdeu o paladar e o olfato! Mas nem quero falar do que eu perdi! Minhas perdas por amar o homem errado foram catastróficas! Talvez sejam iguais, com impactos iguais, proporções diferentes. Mas, hoje, depois de quase 4 anos, ainda me vejo numa luta ferrenha por justiça, pra reconstruir minha vida, por refazer minha estima pessoal e pra acreditar no ser humano e na vida! Em Deus jamais deixei de acreditar! Claro! E é isso que me sustenta e que me faz não perder a fé! Perdi tudo, quase tudo, mas não perdi a fé!
A destruição da identidade é algo que muitos homens querem impingir às mulheres. Muitas vezes essa destruição pode ocorrer de formas diferentes, mas com rombos irreparáveis! Não se engane! Ninguém pode medir a dor de uma mulher exposta à violência praticada pelo seu companheiro. Além das conseqüências públicas, as conseqüências para o seu íntimo são inenarráveis, sem precedentes!
MAS TENHAMOS FÉ! Vamos dizer não á violência contra a mulher! Lembre-se: você pode achar que essa causa não lhe pertence pois você é homem! Mas todo homem é nascido de uma MULHER! A causa também é sua! É nossa! A luta contra a violência à mulher pertence a todos os seres humanos que lutam por uma vida justa e digna! Pertence a todos que sabem do valor do ser humano, trazido ao mundo, de forma divina, por uma mulher!

(texto escrito em 2009)

*Rose Leonel