Quero fazer algumas observações acerca dessa passagem da Bíblia,
de 2ª Reis, capítulo 4, versículos 8 a 37. É o texto que conta a história do
profeta Eliseu, de sunamita e seu filho.
Tenho passado dias difíceis. Mas essa história da Bíblia
falou muito alto ao meu coração e senti que preciso compartilhar.
Vou fazer aqui algumas observações que me inspiraram e com
certeza vão inspirar você também.
Quem era a sunamita descrita na Bíblia? Era um mulher rica, bem
casada, sem filhos, estéril ela ou o marido, decidida, persuasiva, extremamente
sábia, dona de um auto controle invejável, mulher de fé e que, o principal, tinha o coração voltado
para Deus.
Ela e o marido moravam em Sunem e por receber várias vezes, por
ter insistido que o profeta Eliseu se hospedasse na casa deles, por ter um
coração generoso e hospitaleiro, ela sugeriu ao marido que fizessem um quarto
mobiliado para receber o sempre o homem de Deus com mais conforto e
privacidade.
A Sunamita e seu esposo até então não tinha filhos. E como
reconhecimento pela generosidade daquela mulher o profeta agraciou-a com a
profecia de que em um ano ela seria mãe. Interessantes a resposta dela: _Não
brinque comigo em um assunto tão sério para mim!
Provavelmente aquela mulher já deveria ter recebido outras
profecias, quem sabe, que a fizeram acreditar que poderia ter um filho e essa
esperança, parecia ter sido frustrada, até por diversas vezes... tamanho o peso
da sua resposta.
Porém, ela deu a à luz em um ano.
Ocorre que o menino foi crescendo e um dia passou mal e
morreu em seus braços.
A sunamita não chorou, não esbravejou, não chamou as amigas,
os amigos, nem disse nada ao seu marido. Ela não reclamou em alta voz. Veja o
controle dessa mãe. A fé e a sabedoria que ela possuía eram tamanhas que ela
pediu ao marido para que um funcionário arrumasse um transporte para ela a fim
de ir encontrar com o profeta Eliseu. O marido a questionou o porquê dessa
visita fora de hora, pois segundo ele essa seria uma visita inesperada, fora da
programação do casal. Mas mesmo quando indagada, ela disse:
_Não faz mal.
A sunamita deitou cuidadosamente seu único filho, seu
primogênito muito amado na cama do profeta e fechou a porta para que ninguém
soubesse do acontecido. E partiu para falar com Eliseu no Monte Carmelo. Ora,
ela foi com uma jumenta ajudada por um funcionário. E deu ordens explícitas
para que não parasse e nem se distraísse no caminho até chegar ao seu destino.
Chegando, Sunamita foi recebida por Geazi, o servo do
profeta. E, instruído por ele, Geazi perguntou:
_Vai tudo bem contigo, com seu marido e seu filho?
Sem pestanejar a mulher respondeu, segura de si:
_Está tudo bem!
Ora, veja, ela não estava descontrolada, nem tinha ligado
para as amigas e nem postado seu infortúnio nos grupos de whatsapp ou no
instagram ou no facebook. Ela nem sequer dividiu a a sua dor com seu marido, o
pai da criança! Ela sabia que esse era um caso para Deus, para a intervenção do
Homem de Deus! Ela sabia que Deus não havia lhe dado um filho para a
calamidade. E sua palavra foi a expressão mais pura da fé, fé que movia aquela
mulher de Deus.
Quando chegou ao profeta, ela se jogou aos seus pés,
extravasando todo seu sofrimento. Ela disse:
_Não te pedi filho para perder nem um filho que nascesse
para morrer.
Ela falou então com a pessoa certa, as palavras certas, na
hora certa.
Eliseu saiu então com a mãe, e o seu servo em direção a casa
daquela família.
Ele recomendou a Geazi:
_Vá na frente e toque o rosto do menino com meu cajado para
que acorde.
Novamente a recomendação de silêncio sobre o acontecido:
_Vá e não pare no caminho e não fale com ninguém. Nem mesmo
dê boa tarde.
Assim aconteceu. Porém Geazi se adiantou e colocou o bordão
sobre o rosto do menino e esse não acordou. Voltando apressadamente ao encontro
deles, no caminho, avisou:
_O menino não despertou.
Interessante notar a linguagem positiva usada por Jesus
também quando chegou no velório de Lázaro e disseram a ele que já estava morto
e nada poderia ser feito. Jesus respondeu que Lázaro ressuscitaria e que tudo
isso era para a glória de Deus.
Eliseu falou sobre “acordar”... ele não se referiu “a voltar a viver”. E assim
Geazi lhe respondeu, com o mesmo verbo: _Ele não acordou.
Eliseu foi então ao quarto do menino, e de forma
surpreendente, o menino foi ressuscitado.
Penso que muitas coisas foram aprendidas nesse texto.
Essa mulher rica, que não tinha o coração nas riquezas, mas
tinha o coração em Deus, era generosa. Era sábia e tinha o fruto do Espirito
Santo em sua vida: autocontrole!
Ela teve a sabedoria de saber o que falar (as palavras são
poderosas), na hora certa e com a pessoa certa. Seu caso não era para ser lamentado nas redes sociais, nem com
os funcionários, nem mesmo com o marido. Ela manteve o foco, segura de que esse
era um caso para Deus!
Ela poderia ter se desesperado e falado para os parentes ou
quem sabe, uma amiga mais velha que pudesse dar ao menino um remedinho das
antigas, dar um chá de receita das avós, fazer alguma compressa de ervas ou
ainda, quem sabe, uma simpatia. Mas nada disso. Ela manteve a morte do seu
filho em segredo. Era Deus e ela. E ela tinha fé para buscar a solução, não em
homens, nem em amigos e nem na Internet.
Ela sabia que esse caso era para o Deus do impossível! Incrível o que
ela disse:
_Eu não pedi filho para morrer assim fora de hora, ainda
criança.
Essa fé, essa certeza que Deus, e só Deus, poderia mudar
aquele quadro e trazer vida para seu filho, foi o fator decisivo para a
ressurreição.
Que possamos aprender
com essa história, que Deus não nos deu filhos para a calamidade nem para a
morte precoce. E que Deus é o único que age quando ninguém mais pode agir. “E
agindo Deus, quem impedirá?”