*Rose
Leonel
De repente,
o amante
Se fez
algoz,
O amado se
fez de rogado,
O adorado se
fez de
Odiado
O protetor
se revelou
Um impostor...
De repente,
a vida
Contesta,
contenda,
Se arma de
fendas e
Suga para
baixo
Quem já
brotou!
Incontestável,
Detestável,
Indomável,
Inclassificável
Quem um
dia amou
E depois,
num golpe de
Pura maldade
Simplesmente
odiou!
De repente,
O momento de
pura ternura
Se torna uma
tela impura
A candura
Desapareceu
E as tintas
Afloraram em
profusão-
Profunda confusão!
Confissão,
De amantes
refestelados,
Embriagados
de pura paixão!
Mas o animal
escondido
Do homem, no
homem
Foi mais
forte que
Seu dono
Mostrou os
dentes
Ladrou
Esbravejou
Despedaçou
Dilacerou
O coração
Que um dia,
De quem um
dia amou!!!
De repente,
O enamorado
Se fez
carrasco
O
galanteador
Contaminado
Pelo próprio
veneno
Desfez
Em mil
pedaços
Lembranças
de um passado
Que pra ele,
não passou!!!
Envolto em
Migalhas
Cheio de
frangalhos,
Repleto de
estilhaços
Que cheiram
a dor
A agonia
De mãos
amarradas
Tensas e
retesadas
Cheias de
ignomínia
De repente
A vida
Se fez morte
A luta,
batalha
E o dia, uma
guerra
Sem trégua
Omissa,
Incompreendida,
Solitária,
Dolorida
Travada em terras
Cruas, nuas,
bruscas
Repletas de
afrontas
Escassas de
bondade
Contaminadas
De pura
perversidade!
De repente,
Você ficou
para trás
Não me
lembro mais
Do seu rosto
Do seu gosto
Do seu
cheiro...
Nem mesmo
De você!!!
Você
existiu?!
A distância
Entre o
sonho
E a
realidade
Tornam inverossímel
Tamanha
atrocidade...
Talvez, tudo
tenha sido
Um pesadelo,
Talvez, o
veneno
Tenha te
acometido
Exalado por
tuas têmporas,
Se misturado
Àquilo que
corre
Por suas
veias
Que imita o
sangue
Única coisa
que
Não o deixa
inanimado!
De repente,
Tua máscara
caiu!
Te vejo
Só
Nú
Fraco,
Impossibilitado
Sem ninguém
Pra aplacar
sua ira
Esconder sua
vergonha
Esquecer teu
passado
Apagar seu
desvario!
Perdoar?
Sim!
Para que
ajudá-lo a se perder
No ranço de
um marasmo
De nostálgica
esquizofrenia?!
Perdoar é libertar
De sua
própria vilania.
De repente
Essa
história
De fúria
Inusitada
Acaba ...
De repente,
Tudo fica no
passado!
A dor,
A vergonha,
A lamúria,
A
desventura!
E a
maldade
Que assolou
terras impróprias
Simplesmente
Acaba
Como
Se nada
Nada
Simplesmente
nada
Tivesse,
realmente, acontecido!
Tão de
repente...
*ROSE LEONEL
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