Fico me
lembrando quando eu estava grávida do Calil. Sozinha, com minha barriga de
quatro meses, me sentei na sala de um apartamento em São Paulo e assisti a uma
entrevista do Jô Soares. Era uma mulher que havia se tornado famosa pela
superação, pela guinada que deu em sua vida.
Ela deixara
tudo de sua outra vida, e recomeçou de novo. Não levou nada consigo. Totalmente
desapegada, ela tudo de novo, apenas levando a roupa do corpo. E deu certo! Ela
recomeçou e venceu!
Assim também
quero fazer. E falar: vim, vi e venci!
Aquela
noite, vendo aquela mulher que falava sobre o poder de acreditar e lutar pelo que se acreditava, eu tive um
insight. Ali, sozinha, comendo batata Rufles, eu decidi: eu posso e vou mudar
minha vida!
Foi
preponderante para mim aquela noite. Inspirador. Deixei um casamento falido,
uma profissão que já não me entusiasmava mais e fui atrás de outra vida. Mudei
tanto que parecia que aquela pessoa já não existia mais e que nunca existiu,
talvez...
Então, me
tornei Rose Leonel. Minha profissão definiu meu nome. Antes eu era Rosemary
Leonel. Depois que comecei a trabalhar como jornalista, precisava de um
nome para assinar as matérias. Assim,
cheguei em um consenso comigo mesma e dei origem a Rose Leonel - quatro meses
depois que meu filho nasceu.
Hoje, meu
filho diz que tem vergonha de mim, que preciso mudar de nome. Ele tem vergonha
até do meu nome.
Penso então
– eu, mudar de nome?
Não, não me
envergonho do meu nome, embora eu pague um preço muito alto pra ser Rose
Leonel. Não é para qualquer um... Ser Rose Leonel implica em ser sozinha,
cuidadosa, cansada, estressada, conhecida, discriminada e obrigada a lutar
contra um estigma que insiste em se estabelecer sobre o nome...E nessa guerra,
digo não...-Eu sei quem eu sou e nada vai mudar isso! E o estigma insiste em me bombardear,
dizendo: -Você é pecadora, errada, culpada, criminosa e fadada a sofrer a vida
toda. E eu me ergo sobre essa situação e
digo: -Não!
E nessa luta
de identidade, entre o que eu sou e o que meu nome representa frente ao estigma
que insiste em denegri-lo, entre o que as pessoas pensam que sabe que sou, o
pré-conceito, me sinto muitas vezes acuada. Fico zonza e logo choro e penso que
eu queria mudar não de nome, mas de vida, de corpo, de país, de mundo...
Afinal, ser Rose Leonel não é pra qualquer um!
Daí fico
pensando: em quem eu acredito? No que eu acredito?
O que eu
quero? Porque estou aqui e porque tudo isso... Mas o único eco que tenho é o
meu nome... que me leva a repensar, mesmo que não queira, em quem sou eu. E
depois de muita lágrima perdida, eu volto a consciência e me lembro de quem sou
eu e de como tenho que lutar pra continuar sendo Rose Leonel!
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