terça-feira, 17 de agosto de 2010

MORTE BANAL




Pessoas morrem a todo minuto em acidentes no trânsito. E não é só em Maringá. Em todo o Brasil, a realidade é a mesma. E os números não são pequenos. São alarmantes. Mas ao mesmo tempo em que essa estatística sobe, o grau de importância que é dado a isso parece diminuir, ou pelo menos, não assusta... Na verdade, beira o perigo da banalidade. As notícias são dadas de forma fria, tácita e rápida na mesma medida em que os índices disparam. Parece que se tornou um tanto quanto aceitável a morte por acidente no trânsito. As manchetes diferenciam as coisas de forma sutil mas bem pontuada.

“Homem mata a tiros balconista de bar”

Oh! Que horror!

“Marido manda matar a esposa”

Esse mundo está perdido!!!

Mas não vemos manchetes do tipo: “Estudante corta ao meio menina que atravessava a rua”

“Alcóolatra faz em pedaços senhora de 80 anos”

“Mulher passa por cima e divide em cinco partes menino que andava de bicicleta”

“Homem faz o cérebro do moto-boy saltar pra fora do capacete”

“Taxista passa por cima de mãe e filha”

“Idoso é divido ao meio e estripado na avenida Brasil”

“Jovem faz menino ter morte cerebral”

Notícias assim soam como extremo ridículo! Também, pra que dar ênfase a esse tipo de morte? Já é tão comum, não é mesmo? Ah, morreu atropelado! Só isso! Até parece que a vítima nem é vítima. Afinal de contas, foi acidente de trânsito!!! Só isso. Então, abordamos apenas os números, pois o volume já é tão grande que nem interessa como - apenas resumimos e aumentamos as estatísticas de mortes no trânsito.

“-OH! Que horror! O namorado matou!”

Mas ninguém diz: “-OH! Que horror! O ciclista foi atropelado!”

Já é comum! Tá certo_ acidentes acontecem por acaso. É isso??? E são mortes e não assassinatos. Mas de toda forma são vidas que deixam de existir pela arma que faz mais mortos em todos os tempos: o automóvel. Importante lembrar que esses veículos são movidos por pessoas. E que esse processo de mortes não deixa de ser tão pesaroso, dolorido e preocupante quanto as mortes premeditadas. Somos frutos de uma sociedade violenta que precisa rever seus valores. A morte provocada ocasionalmente, sem intenção, não pode ser banalizada. O problema merece atenção e merece que seja tratado com a mesma importância que os outros meios resultantes de mortes – afinal, vidas estão se perdendo, indo embora. E essas mortes não podem ser negligenciadas. Morte por acidente no trânsito é uma morte como qualquer outra- interrompe vidas e causa sofrimentos. Não podemos nos acostumar a isso. Temos que repensar e tentar resolver uma das causas de morte que mais prolifera em nosso meio. A responsabilidade é de todos nós!

*Rose Leonel

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