sábado, 30 de março de 2013

Choro




Daí, tento levar uma vida normal. Felicidade?
Minha filha me cobra alegria. Não que eu seja infeliz.  Não me sinto exatamente infeliz. Me sinto em paz. Me sinto, apenas... É bom ter consciência de si mesmo.
Só sinto que vejo muito mais do que via, e a intensidade do que vejo, a luz é muito forte, faz com que meus olhos doam, e choro. Além de ver muito, demais... E choro.
Também ouço muito... E choro.
Choro pelo que sei. Sinto muito, tudo, todos... E sei o que não sabia. E talvez nunca tenha querido saber... e muito menos agora. Mas sei. E choro.
Choro também pelo que não sei. Tem coisas que não entendo. E talvez nunca vá entender. E choro.
Sei que tenho que viver.
Sei que Deus vai me levar daqui. Quando, nem onde, não sei. Espero ir para outro país. Onde eu possa ser olhada sem rótulos, sem aquele olhar incontestável de impertinente arrogância, que me diz escancaradamente: _Já sei quem é você! Da forma mais debochada e desumana.
Espero um dia, ser apenas eu...  apenas eu, e mais nada. 




Um comentário:

  1. Vivemos num país de valores invertidos, onde a vítima, o ofendido, é tratado como criminoso. Ademais, nascemos e crescemos com a hipocrisia e o falso moralismo no lugar da educação e do respeito ao semelhante. Aprendemos desde cedo a "apontar o dedo" para as pessoas nos esquecendo que nossa janela também é de vidro.

    Penso que a vítima jamais deve ser refém da desumanidade da sociedade e das marcas daquele que um dia causou-lhe dor. A covardia de alguns não pode inibir a maior dádiva nos dada por Deus: o direito a vida!

    Aqueles que nos magoam e, indiretamente, magoam nossos familiares não devem ser presenteados com nosso exílio, seja onde for. Ainda prefiro acreditar naquela letra da Legião Urbana: "a humanidade é desumana, mas ainda temos chance".

    Ninguém, além de Deus, tem poder para nos julgar e ninguém que nos julga merece tamanha consideração de nossa parte!

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