domingo, 17 de novembro de 2013

Meu filho amado...



“Perder um filho é como achar a morte”...
Nunca a frase de um poeta foi tão real...
Verdade fatal, irreversível, cruel, atroz, insuperável.

Quando te vi, meu filho tão triste,
 tão só, tão lindo, tão novo, tão maduro,
solto, no mundo, diante do vazio
e da imensidão do céu azul ao pôr do sol,
 à mercê da vida,
 entregue aos seus próprios pensamentos,
fitando novos horizontes, vislumbrando outros caminhos, prospectando outras terras,
 flertando com as incertas possibilidades do futuro,
insólitas conjecturas,
 incertezas de um novo mundo;
 distante dos braços maternos,
fora do alcance dos meus braços,
 braços que embalaram seus primeiros sonhos de menino,
que o mantiveram em doces e enternecidas canções de ninar,
que o acalentaram desde a tenra infância
 que o apoiaram em seus primeiros passos...
que o protegeram, cheios de amor e carinho,
 meu coração sangrou.
Rasgou-se em mil pedaços.
Chorou a dor da perda do primogênito.
Dor irremediável, surda, pesada, muda.
Filho, nada me separará de você - nem a distância, nem o tempo, nem as pessoas, nem a própria vida, com suas surpresas e incertezas, nada poderá me afastar de você. Meu amor me une a ti com amarras eternas do amor do próprio Deus, o criador. Nada tirará de mim a beleza de ser sua mãe!








“Perder um filho é como achar a morte”. Deixar de sentir seu cheiro, acariciar seus cabelos, fitar seus olhos, participar do seu mundo, de poder caminhar lado a lado, de deixar de estender-lhe a mão, tocar sua mão, apertá-lo junto ao peito... é dor insuperável. É todo o medo de quem ama: perder.
  O meu coração está cheio de intensa dor, de culpa: por ser tão egoísta- de querer te ver tão perto, te ter tão próximo, tão junto ao coração.
Meu filho, nada pode te tirar dos meus braços nem do alcance dos olhos do meu coração.  Porque a vida pode se abrir para você e se desdobrar acenando-lhe com novos caminhos. Sua jornada pode ser até distante da minha e tomar outro rumo... Oceanos podem ficar entre nós, mas saiba, que jamais ficaremos separados. Você jamais estará só. Estarei sempre com você. Você é um pedaço do meu coração, que se quebrou, dividiu-se e que está em outro corpo, que foi criado a partir do meu, cujas veias trazem o meu sangue... Pulsa em você  o mesmo sangue que corre em minhas veias dentro de um coração que é extensão do meu.
Nada me separará de você - nem a distância, nem o tempo, nem pessoas, nem a própria vida, com suas surpresas e incertezas, nada poderá me afastar de você. Meu amor por você me une a ti com amarras eternas, entretecido com fibras do amor do próprio Deus, o criador e gerador da humanidade. Amor inexplicável e incondicional!
Nada tirará de mim a beleza de ser sua mãe!
Sempre vou te amar!                                

“Os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Bem aventurado o varão que enche deles a sua aljava. Ele não será envergonhado quando baterem à sua porta e o levarem ao tribunal”... Salmos


sábado, 26 de outubro de 2013

JUSTIÇA HUMANA




Não dói em mim
Não sinto nada
A dor de sua sina
É  para mim chacina
Carnificina,
Cheiro que nos faz mal!




Pra mim, sua dor
É motivo de chacota
Não dói em mim!!
Vamos tomar um chá!
O que passou,  passou!
O infrator um dia há de pagar
E você, se devia, já pagou!!!




Deixa pra lá!!
Afinal, o que é a justiça
Além de uma resposta aos maus feitos
De malfeitores??!
Só que eles
Sempre vão existir
Perdoa-os
Nada vai mudar o que já foi!!!!




Deixa pra lá!
O bom coração sempre perdoa
As pessoas esquecem
A vida prossegue
E o mal sempre existirá,
O opressor mesmo punido,
 continuará a existir
E você, bem
Se devia, já pagou!
Deixa pra lá!




Pra que trazer à tona
Essa chacina, esse cheiro de carniça
Porque temos que sentir
Essa podridão do ser humano?!




Nós não queremos mais isso!
Não nos obrigue a ver quem somos!
Nós decidimos fechar os olhos
Tapar as narinas
Tapar os ouvidos
E esquecer!!



Vamos deixar pra lá!
Pra que  relembrar?
É melhor perdoar!
A ferida que ele abriu
Foi só em você
Nós não sentimos dor nenhuma
Achamos até
Que se você esquecer
Logo vai sarar!



E, mesmo que não sare,
Se você também fingir
Agir como nós
Como se nada tivesse acontecido
Tudo deverá melhorar!
Pare de chorar
Afinal o opressor sempre existirá
Faça como nós – finja!
Finja que nada aconteceu!
Siga nosso conselho:
Melhor deixar pra lá!


                        Rose Leonel

sábado, 27 de abril de 2013

INVERSÃO DE VALORES

Certa vez fui a uma igreja me queixando de ansiedade, depressão e estress.  Imediatamente o reverendo, solícito e muito articulado, foi logo me orientando: _ Filha, vá ao médico e se precisar, não relute em tomar medicamentos!
Triste, fui parar no médico. Ele me fitou profundamente, depois que expliquei porque estava ali. Passaram-se  alguns segundos que pareceram uma eternidade quase constrangedora. Com uma sabedoria inquietante ele me disse: _ Filha, leia a Bíblia  e faça oração pelos menos uma vez ao dia!
OBRIGADA PESSOAL DO SAMU!
Dois anjos entraram por aquela porta... Não tinham asas nem estavam de branco. Vestiam roupa azul com listas vermelhas. Tinham botas pretas e passos firmes. Empunhavam uma maca. Braços fortes.
Movimentos certeiros. Atitudes respeitosas. Pacientemente carregaram minha mãe e a levaram para o hospital... 
Tem gente que nem parece gente! Parece anjo de plantão!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

OBRIGADA!

GENTE, EU NÃO TENHO PALAVRAS PARA DIZER O QUANTO SOU GRATA AO APOIO E À TODAS AS MANIFESTAÇÕES DE CARINHO QUE ESTOU RECEBENDO! OBRIGADA A TODOS VOCÊS! QUE DEUS OS ABENÇOE! QUERO AGRADECER TAMBÉM AOS MARAVILHOSOS E IDÔNEOS PROFISSIONAIS QUE ESTÃO COMIGO NA ONG MARIAS DA INTERNET - VOLUNTÁRIOS EXCEPCIONAIS QUE TÊM UM ÚNICO OBJETIVO: SOCORRER MULHERES QUE SEJAM VÍTIMAS DESSA DESUMANIDADE QUE É O CRIME CIBERNÉTICO! SE PUDERMOS TIRAR UMA VIDA DO CAOS DO DESESPERO E DAR UMA LUZ E SUPORTE À ELA, MOSTRANDO QUE SEMPRE HÁ ESPERANÇA, NOSSA LUTA NÃO TERÁ SIDO EM VÃO. MINHA DOR NÃO TERÁ SIDO INVÁLIDA . QUERO ESTENDER A MÃO E FAZER ALGO POR ESSAS MULHERES QUE SÃO VIOLENTADAS SEM O MENOR DIREITO A DEFESA OU A UMA JUSTIÇA QUE LHES DEVOLVA A HONRA VIOLADA. O CRIME NA INTERNET É IRREPARÁVEL. MAS A JUSTIÇA DE DEUS É CERTA. O IMPORTANTE É UNICA PERDERMOS A FÉ NAQUELE QUE É JUSTO JUIZ! MINHA VIDA É UM MILAGRE! SOU UMA SOBREVIVENTE DO CRIME CIBERNÉTICO. ESPERO SER UM CANAL DE BENÇÃO PARA TODAS AS MULHERES LESADAS POR ESSE MAL!

segunda-feira, 22 de abril de 2013






PRECONCEITO

Ele é cego
Mudo e
Tácito.

É impiedoso
Crueldade desumana
Embora nasça em corações de carne.

Seu poder é destrutivo
Não escolhe sexo
Nem cor, nem raça...
Nem classe social,
Nem conta bancária...


Ou melhor
É destrutivo sim,
Atinge qualquer coisa
Que lembre sexo
Que seja de cor
Que assume sua raça
Que não tem classe social
E nem conta bancária.

domingo, 21 de abril de 2013


Meu filho amado...

“Perder um filho é como achar a morte”...
Nunca a frase de um poeta foi tão real...
Verdade fatal, irreversível, cruel, atroz, insuperável.

Quando te vi, meu filho tão triste,
 tão só, tão lindo, tão novo, tão maduro,
solto, no mundo, diante do vazio
e da imensidão do céu azul ao pôr do sol,
 à mercê da vida,
 entregue aos seus próprios pensamentos,
fitando novos horizontes, vislumbrando outros caminhos, prospectando outras terras,
 flertando com as incertas possibilidades do futuro,
insólitas conjecturas,
 incertezas de um novo mundo;
 distante dos braços maternos,
fora do alcance dos meus braços,
 braços que embalaram seus primeiros sonhos de menino,
que o mantiveram em doces e enternecidas canções de ninar,
que o acalentaram desde a tenra infância
 que o apoiaram em seus primeiros passos...
que o protegeram, cheios de amor e carinho,
 meu coração sangrou.
Rasgou-se em mil pedaços.
Chorou a dor da perda do primogênito.
Dor irremediável, surda, pesada, muda.
Filho, nada me separará de você - nem a distância, nem o tempo, nem as pessoas, nem a própria vida, com suas surpresas e incertezas, nada poderá me afastar de você. Meu amor me une a ti com amarras eternas do amor do próprio Deus, o criador. Nada tirará de mim a beleza de ser sua mãe!


sexta-feira, 19 de abril de 2013


segunda-feira, 15 de abril de 2013


SÁBADO, 19 DE JUNHO DE 2010


INFELIZMENTE, TRAUMAS FICARAM...


UM SONHO RUIM
Sabe, ainda hoje tenho sonhos ruins... Minhas noites acabam povoadas por sensações e sentimentos que me dão calafrio. Não sei se um dia vou esquecer o que sofri... O peso dos olhares, a acusação, o escárnio. Parece que fui a guerra e vi tantas mortes... Sabe, soldados que foram às trincheiras de guerra e voltaram marcados por verem tanta gente morrendo? Por enfrentarem a morte? Pois é: eu enfrentei a morte durante esses quatro anos!
Morri aos poucos... Fui sendo marcada e extinguida a cada olhar punitivo, a cada foto que saía com meu nome, endereço, telefone e email na Internet... A cada postagem na Rede Mundial de Computadores, em sites de pornografia, vendo minha imagem, misturada nos mais baixos recônditos da prostituição on line. Foi duro golpe ver meu nome de jornalista, de mãe, de filha, de professora, de ser humano que lutou tantos anos para ser alguém na vida, que estudou e acreditou no ensino, no trabalho, nas pessoas, e por último, no companheiro... Alías, não só acreditei- eu amei quele homem!
Eu não fui a guerras civis, enfrentei uma guerra fria deflagrada contra mim pela Internet, no âmbito virtual, que ecoou na minha vida real. Eu não vi pessoas morrerem - eu enfrentava minha própria morte todos os dias e lutei numa batalha sem tréguas para sobreviver... A cada golpe, cada olhar, cada circulação ou postagem que era feita sobre mim eu sofria e morria um pouco mais! Uma luta que me trouxe sérios danos... Depressão, vontade de ficar em casa, medo das pessoas, vontade de não sair do meu quarto, uma ausência de vontade completa! Entendi porque algumas pessoas se desesperam a ponto de querer deixar de viver, o que sentem aquelas que saem pelo mundo afora, e se transformam em andarilhos, vagando a esmo, sem rumo e sem esperança, querendo sumir de todos e de tudo!
Às vezes tenho pesadelos e acordo gritando a noite! Sonho que saí de casa e de repente, as pessoas começam a me olhar de modo estranho. Daí, me olho, e me dou conta, de que minhas roupas desapareceram, sumiram, meu corpo ficou nu! Então, saio correndo e tento fugir das pessoas... Acordo, assustada, com um grito impotente, engastalhado na garganta, pedindo socorro!
Outro pesadelo às vezes me acompanha. Sonho, por vezes, que estou indo a um banheiro desconhecido... Daí, de repente, esse banheiro fica com as paredes transparentes... Daí, me vejo cercada de olhares invasivos... As paredes se rompem ou simplesmente desaparecem, como num passe de mágica, e repentinamente me vejo surpreendida em público, exposta, com minha tristeza e o olhar punitivo dos transeuntes.

Sonhos ruins, que ainda povoam meu sono à noite, mesmo após 4 anos em que fui vítima de crime na Internet. Algumas coisas machucam a alma e não temos como medir a dimensão nem a profundidade da ferida. A dor vem à tona enquanto o subconsciente trabalha, nas horas solitárias da noite...

Queria então, poder dizer para mim mesma, como diria minha mãe, com aquele carinho que tinha a mágica capacidade de mandar embora todos os bichos papões que viessem incomodar nossa noite de sono: “Volte a dormir minha filha! Isso tudo não passou de um pesadelo! Foi só um sonho ruim! Você estava sonhando! Tudo vai ficar bem!”

SEGUNDA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 2010




O ROSTO DA VIOLÊNCIA

Uma mulher deu entrevista à alguns meses para o mundo todo. Não me lembro do nome...nem de onde era. Nem do “rosto”! Ela praticamente não o tinha... Era algo meio medonho! Mas me lembro dela ter o rosto esmigalhado pelo ex... Estava dando uma entrevista depois de dezenas de cirurgias que lhe devolveram a face e parte de alguma sensibilidade ... Aquela mulher é a personificação do que pode acontecer a uma mulher que escolhe errado seu companheiro e sem saber, dorme com o inimigo! Veja, os bons que me perdoem! Mas eu não poderia perder a deixa!
A Connie Culp teve o rosto esmigalhado! Seu companheiro destruiu seu rosto, quis destruir sua identidade! Até quando vamos aceitar que esses animais sejam donos da razão e tenham essa coragem? A violência contra a mulher tem muitas caras e formas de ser... Pode ser sutil ou escancarada! Como uma coerção psicológica ou o cúmulo da destruição da identidade, psicológica, virtual ou física. A violência que Connie Culp sofreu foi concretamente física... Simbólica - destruição de sua identidade! Sabe, não sei o que é pior, se é a destruição física ou a moral... veja (não seja simplório) - todas elas levam a destruição psicológica! Ás vezes, tenho certeza que é a que ela sofreu é pior que a que eu sofri, que a minha não é maior... Ela teve o rosto destruído e nem consegue sentir o gosto dos alimentos. Perdeu o paladar e o olfato! Mas nem quero falar do que eu perdi! Minhas perdas por amar o homem errado foram catastróficas! Talvez sejam iguais, com impactos iguais, proporções diferentes. Mas, hoje, depois de quase 4 anos, ainda me vejo numa luta ferrenha por justiça, pra reconstruir minha vida, por refazer minha estima pessoal e pra acreditar no ser humano e na vida! Em Deus jamais deixei de acreditar! Claro! E é isso que me sustenta e que me faz não perder a fé! Perdi tudo, quase tudo, mas não perdi a fé!
A destruição da identidade é algo que muitos homens querem impingir às mulheres. Muitas vezes essa destruição pode ocorrer de formas diferentes, mas com rombos irreparáveis! Não se engane! Ninguém pode medir a dor de uma mulher exposta à violência praticada pelo seu companheiro. Além das conseqüências públicas, as conseqüências para o seu íntimo são inenarráveis, sem precedentes!
MAS TENHAMOS FÉ! Vamos dizer não á violência contra a mulher! Lembre-se: você pode achar que essa causa não lhe pertence pois você é homem! Mas todo homem é nascido de uma MULHER! A causa também é sua! É nossa! A luta contra a violência à mulher pertence a todos os seres humanos que lutam por uma vida justa e digna! Pertence a todos que sabem do valor do ser humano, trazido ao mundo, de forma divina, por uma mulher!

(texto escrito em 2009)

*Rose Leonel

sábado, 30 de março de 2013

Choro




Daí, tento levar uma vida normal. Felicidade?
Minha filha me cobra alegria. Não que eu seja infeliz.  Não me sinto exatamente infeliz. Me sinto em paz. Me sinto, apenas... É bom ter consciência de si mesmo.
Só sinto que vejo muito mais do que via, e a intensidade do que vejo, a luz é muito forte, faz com que meus olhos doam, e choro. Além de ver muito, demais... E choro.
Também ouço muito... E choro.
Choro pelo que sei. Sinto muito, tudo, todos... E sei o que não sabia. E talvez nunca tenha querido saber... e muito menos agora. Mas sei. E choro.
Choro também pelo que não sei. Tem coisas que não entendo. E talvez nunca vá entender. E choro.
Sei que tenho que viver.
Sei que Deus vai me levar daqui. Quando, nem onde, não sei. Espero ir para outro país. Onde eu possa ser olhada sem rótulos, sem aquele olhar incontestável de impertinente arrogância, que me diz escancaradamente: _Já sei quem é você! Da forma mais debochada e desumana.
Espero um dia, ser apenas eu...  apenas eu, e mais nada. 




Em carne viva



Não me sinto leve, nem solta, nem livre. Me sinto pesada. Machucada. Quebrada. Juntando os pedaços.
Sabe aquela leveza de olhar para o sol, de ver os pássaros, de sentir a brisa...  E de simplesmente rir da vida!?
Não... Se sinto o sol, me ressinto do seu calor. Ao ver os pássaros, me emociono... Com a brisa, me vejo querendo segui-la, sem querer saber onde ela vai, ou quando vai parar... Quero apenas ir!
É como se minha pele tivesse sido arrancada. Então, uma película, muito fina, quase uma membrana, um ensaio tímido de algo que um dia vai querer virar pele... essa membrana tomou o lugar da minha pele.
Assim, tudo me atinge de uma forma muito mais intensa. Não tenho riso fácil. Tenho um choro fácil.
E choro.
Choro com a alegria de ver um pássaro cantar. Choro quando um olhar ferino me corta a pele... Mesmo que ele me seja lançado pelas costas. Daí ele abre sulcos que  descem pelos ombros e revelam meus ossos. Daí, eu choro.
Choro quando minha filha, num ímpeto de pura devoção, estende os braços, me abraça e me diz, tomada de crua sinceridade:
“-Mamãe, eu sempre vou te amar. Haja o que houver estarei sempre do seu lado!” Tem como não chorar, ouvindo essa declaração?
Choro, quando oro, e sinto que Deus, em sua eterna misericórdia, conforta meu coração e me diz: “-Fique feliz, o seu choro tem dia e hora pra acabar! Eu recolho todas as suas lágrimas e logo vou revertê-las em riso!” Me lembro que inumeravelmente feliz é aquele que chora pois Deus o consolará.  Então eu choro. Tem como não chorar sentindo esse consolo divino?
E choro.
Choro quando me aperto de dinheiro. Choro quando Deus me alivia a dispensa. Choro de emoção quando vejo Deus agir, me consolar, e dizer que embora as lágrimas escorram no meu rosto, ele vai apagá-las todas... E vai me trazer alegria tão logo minha vida amanheça, pois o choro pode durar uma noite mas a alegria vem pela manhã.
Choro...
Choro quando penso, quando sinto, quando falo, quando vejo, quando ouço, quando como, quando ando, quando me deito, quando durmo...
Tudo me dói... rir me dói – daí choro. Dói até pra rir. Sabe quando você está machucado e se ousa rir sua carne dói e você chorar de dor de rir?
Choro quando me olho no espelho. Os anos vão passando, deixando marcas... Mas acima de tudo, as marcas maiores, impressões mais profundas não são vistas... Ninguém tem idéia...
Chorar me dói.
Tudo dói...
Estou em carne viva.
Ferida sempre aberta.
Sem pele.
Quebrada. Alquebrada. Quebrantada. Desossada. Esfolada. Machucada.
Ferida aberta. Em carne viva.



DE REPENTE




                                          *Rose Leonel

De repente, o amante
Se fez algoz,
O amado se fez de rogado,
O adorado se fez de
Odiado
O protetor se revelou
Um impostor...


De repente, a vida
Contesta, contenda,
Se arma de fendas e
Suga para baixo
Quem já brotou!



Incontestável,
Detestável,
Indomável,
Inclassificável
Quem um dia  amou
E depois, num golpe de
Pura maldade
Simplesmente odiou!


De repente,
O momento de pura ternura
Se torna uma tela impura
A candura
Desapareceu
E as tintas
Afloraram em profusão-
Profunda confusão!



Confissão,
De amantes refestelados,
Embriagados de pura paixão!
Mas o animal escondido
Do homem, no homem
Foi mais forte que
Seu dono
Mostrou os dentes
Ladrou
Esbravejou
Despedaçou
Dilacerou
O coração
Que um dia,
De quem um dia amou!!!




De repente,
O enamorado
Se fez carrasco
O galanteador
Contaminado
Pelo próprio veneno
Desfez
Em mil pedaços
Lembranças de um passado
Que pra ele, não passou!!!





Envolto em
Migalhas
Cheio de frangalhos,
Repleto de estilhaços
Que cheiram a dor  
A agonia
De mãos amarradas
Tensas e retesadas
Cheias de ignomínia




De repente
A vida
Se fez morte
A luta, batalha
E o dia, uma guerra
Sem trégua
Omissa,
Incompreendida,
Solitária,
Dolorida
Travada em terras
Cruas, nuas, bruscas 
Repletas de afrontas
Escassas de bondade
Contaminadas
De pura perversidade!





De repente,
Você ficou para trás
Não me lembro mais
Do seu rosto
Do seu gosto
Do seu cheiro...
Nem mesmo
De você!!!
Você existiu?!
A distância
Entre o sonho
E a realidade
Tornam inverossímel
Tamanha atrocidade...




Talvez, tudo tenha sido
Um pesadelo,
Talvez, o veneno
Tenha te acometido
Exalado por tuas têmporas,
Se misturado
Àquilo que corre
Por suas veias
Que imita o sangue
Única coisa que
Não o deixa inanimado!






De repente,
Tua máscara caiu!
Te vejo
Fraco,
Impossibilitado
Sem ninguém
Pra aplacar sua ira
Esconder sua vergonha
Esquecer teu passado
Apagar seu desvario!



Perdoar?
Sim!
Para que ajudá-lo a se perder
No ranço de um marasmo
De nostálgica esquizofrenia?!
Perdoar é  libertar
De sua própria vilania.




De repente
Essa história
De fúria
Inusitada
Acaba ...



De repente,
Tudo fica no passado!
A dor,
A vergonha,
A lamúria,
A desventura!
E a maldade
Que assolou terras impróprias
Simplesmente
Acaba
Como
Se nada
Nada
Simplesmente nada
Tivesse, realmente, acontecido!
Tão de repente...



*ROSE LEONEL

  


quinta-feira, 28 de março de 2013

O NOME DA ROSA




Fico me lembrando quando eu estava grávida do Calil. Sozinha, com minha barriga de quatro meses, me sentei na sala de um apartamento em São Paulo e assisti a uma entrevista do Jô Soares. Era uma mulher que havia se tornado famosa pela superação, pela guinada que deu em sua vida.
Ela deixara tudo de sua outra vida, e recomeçou de novo. Não levou nada consigo. Totalmente desapegada, ela tudo de novo, apenas levando a roupa do corpo. E deu certo! Ela recomeçou e venceu!
Assim também quero fazer. E falar: vim, vi e venci!
Aquela noite, vendo aquela mulher que falava sobre o poder de acreditar e  lutar pelo que se acreditava, eu tive um insight. Ali, sozinha, comendo batata Rufles, eu decidi: eu posso e vou mudar minha vida!
Foi preponderante para mim aquela noite. Inspirador. Deixei um casamento falido, uma profissão que já não me entusiasmava mais e fui atrás de outra vida. Mudei tanto que parecia que aquela pessoa já não existia mais e que nunca existiu, talvez...
Então, me tornei Rose Leonel. Minha profissão definiu meu nome. Antes eu era Rosemary Leonel. Depois que comecei a trabalhar como jornalista, precisava de um nome  para assinar as matérias. Assim, cheguei em um consenso comigo mesma e dei origem a Rose Leonel - quatro meses depois que meu filho nasceu.
Hoje, meu filho diz que tem vergonha de mim, que preciso mudar de nome. Ele tem vergonha até do meu nome.
Penso então – eu, mudar de nome?
Não, não me envergonho do meu nome, embora eu pague um preço muito alto pra ser Rose Leonel. Não é para qualquer um... Ser Rose Leonel implica em ser sozinha, cuidadosa, cansada, estressada, conhecida, discriminada e obrigada a lutar contra um estigma que insiste em se estabelecer sobre o nome...E nessa guerra, digo não...-Eu sei quem eu sou e nada vai mudar isso!  E o estigma insiste em me bombardear, dizendo: -Você é pecadora, errada, culpada, criminosa e fadada a sofrer a vida toda. E eu  me ergo sobre essa situação e digo: -Não!
E nessa luta de identidade, entre o que eu sou e o que meu nome representa frente ao estigma que insiste em denegri-lo, entre o que as pessoas pensam que sabe que sou, o pré-conceito, me sinto muitas vezes acuada. Fico zonza e logo choro e penso que eu queria mudar não de nome, mas de vida, de corpo, de país, de mundo... Afinal, ser Rose Leonel não é pra qualquer um!
Daí fico pensando: em quem eu acredito? No que eu acredito?
O que eu quero? Porque estou aqui e porque tudo isso... Mas o único eco que tenho é o meu nome... que me leva a repensar, mesmo que não queira, em quem sou eu. E depois de muita lágrima perdida, eu volto a consciência e me lembro de quem sou eu e de como tenho que lutar pra continuar sendo Rose Leonel!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

NUA E CRUA









Me entenda
Apenas me aceite
Me acolha
Me ame!
Pois sou quem sou:
Verdadeira,
Nua e crua!




Não sou cozida
Não me preparo
Não me camuflo
Nem cozinho pro jantar
Sou assim...




Sou assim,
Assada, às vezes
Crua, quase sempre
Mas nua, invariavelmente
Sem cera, sem eira, nem beira!




Sou assim,
Transparente, fugaz
Tenaz e caliente...
Tão gente, tão quente
Tão querendo apenas
Ser a pupila no seu olhar!





E quero mais!
Quero ser sua musa
A razão da sua vida
A água do seu mar!!
A única fruta no seu pomar!





Sou assim!
Apaixonada pela vida
Enamorada da paixão
Consumida pela dor
Mas renascida para ser
Aquela que te fará valsar
E viver uma nova canção!





Sou assim...
Nua
Crua
Pura
Dura
Muda
Abrupta
Mas saiba:
Sou toda sua!






Sou só isso!
Tudo isso!
Mas apesar disso
Sou toda sua!!





Suada
Cansada
Estressada
Descabelada
Desavisada
A verdade é:
Sou toda sua!



Um misto de ternura
Síntese da antítese
Bravura e candura...





E você sabe:
Na lida dolorida
Cheia de buracos
Juntando cacos
Caminho de espinhos
Sou sua...



E na noite de festa
As cores, o brilho
O beijo, o aperto
E todo meu desejo
São pra você!
Sou só sua!





Apenas sua!
Nua!
Crua!
Sua!




*Rose Leonel


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ENCRUZILHADA


Quero muito seu abraço
Sentir seus beijos
Seu cheiro e seu gosto...
Quero muito você...



Mas tem que ser
de mão dupla...
Se não for assim, não adianta!


Também não quero
alguém que não me queira...
Quero amar e ser amada...



Se assim não for
não quero ver,
nem ouvir...
Quero seguir o meu caminho!



Então, vou continuar
Caminhar sem esperar
Que o seu amor
possa me acompanhar...



Se ele cruzar meu caminho
Vou abrir os braços
mas se passar adiante
Vou esquecer...



Esquecer do calor do seu corpo...
Esquecer dos seus lábios nos meus
Esquecer do seu olhar
Vou sufocar o turbilhão
de sentimentos que invadiu meu coração!



Vou esquecer dos momentos
quentes e envolventes...
da volúpia
do desejo
impregnado
em cada poro do meu corpo
quando colado ao seu!


Esquecer do seu aperto
Das marcas  na pele
Da pressão da sua boca
Da paixão avassaladora
Que tomou conta de mim!



Se não for assim
Vou seguir o meu caminho
Esquecer e entender
Que a vida tem dessas coisas...
O amor de pessoas
que se dão umas as outras
e o aceno de quem se encontra
mas depois se vai na multidão!



Rose Leonel

SEM BALELA!!



O que é o amor?
Fico vendo meus pais, casados há 50 anos...
Meu pai cuida da minha mãe... Isso é que é amor! 
Tanto cuidado, tanto zêlo, tanto carinho!
Dizer que ama, que faz e que acontece... Dizer coisas é fácil! Viver o amor em tempos difíceis, na doença e na pobreza é algo que ninguém quer e raríssimas pessoas suportam. 
Mas o que aprendo com isso?
Aprendo o que é e o que não é amor: conversa fiada, palavras vazias, discursos fúteis! Amor é atitude, decisão! Falar é fácil- viver é uma escolha acompanhada de ação. Quem ama nem precisa falar - vive o sentimento!
Amor é uma posição que se toma frente as situações da vida. Trata-se de uma escolha - ativa e contínua, cultivada diariamente... Tem que ter vontade... ter opinião!
O amor é uma decisão!!

domingo, 20 de janeiro de 2013

FIM DE SEMANA

Ainda sinto seu cheiro
O calor do seu corpo...
Nada se compara...
Ainda sinto você!



A pele, o cheiro
A vontade... o gosto...
As marcas que deixaram
A lembrança da noite passada!



É claro, não conciliei no sono!
As horas passam e sei...
Vou aquietar o coração!
Não mereço mais sofrer
Quero simplesmente amar!
Amar e ser amada...

sábado, 5 de janeiro de 2013

Reflexão sobre o Salmo 139







 SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.

Veja, nessa frase, o salmista afirma que Deus nos sondou no passado (pretérito perfeito) e que no presente, o conhece.  O verbo sondar significa Investigar, inquirir, perscrutar, explorar, estudar, examinar... Entre outros significados.
Então Davi declara que Deus o avaliou e o conhece profundamente após esse processo de reconhecimento.



Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.


E que maravilhoso  aqui- nesse trecho ele diz que sabe. O verbo saber tem alguns significados como ter conhecimento, compreender, perceber. É tão maravilhoso ver que Deus sabe todos os nossos passos, conhece, entende, compreende nossas atitudes e nossos jeito de pensar. Ele compreende nossos modus operandi. Que maravilha saber que Ele nos conhece, nos entende!!!!!! Que benção- Deus me entende!!!!


Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.

E Ele está sempre perto de mim!! Deus está comigo quando ando, me sento e levanto e quando me deito! Nunca me deixa só!!! A certeza de que Ele está sempre conosco, que Ele nunca nos deixa só é tão maravilhosa!! Nunca, jamais estamos sozinhos! Nunca estarei só! E Ele entende cada caminho que percorremos, cada escolha que tomamos... Deus sabe de todos os nossos caminhos... Ele sabe e compreende! Nada o surpreende, pois ele Sabe de tudo a nosso respeito!


Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces.

Sem que falemos nada ele já sabe o que falaremos... Sem que a gente avise ou explique, sem que possamos dar pistas, Ele já conhece. Conhecer é ter noção de; saber, distinguir, julgar, avaliar. reconhecer. Deus nos conhece e mesmo assim nos ama.

Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.             

Deus, em seu infinito amor, nos cercou com seus cuidados, e nos cercou por todos os lados e ainda podemos ter a paz de saber que sua mão repousa sobre nós! Quão maravilhosa é essa verdade!!! Deus nos cercou de todos os lados e ainda pôs a sua mão sobre nós!! Estamos com Deus! Ele está conosco!

Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.
Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.
Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;

Esse trecho é simplesmente tremendo! Além de termos a presença do Deus vivo em nossa vida, conosco, na nossa frente, na nossa retaguarda, em cima de nós, temos ainda a serenidade, o alívio de sabermos que NADA, nada, NADA,   poderá nos separar do Seu amor ou da Sua presença em nossas vidas! Nada pode nos separar da sua misericórdia, do seu amor e da sua graça!! Romanos 8- 38 e 39 nos confirma essa palavra do salmista.
É tão grande essa verdade, que nem consigo medir a profundidade dessa situação! Se estivermos no auge de nossas vidas, Ele está conosco. Se estivermos no buraco, Ele não nos abandona. Se estivermos no fundo do poço, até ali a sua mão estará sobre nós!! Se estivermos por cima da situação, Ele estará conosco... E se estivermos por baixo, Ele também está conosco! Aleluia! Ele nunca nos abandona.. Nem quando o barco está afundando... Nem se o barco afundar! Ele está conosco! Até debaixo d’água  Deus está conosco! Não há nada que possamos fazer que o assuste, que melindre seu amor por nós... Nada que possamos fazer vai nos tornar mais ou menos  merecedores de sua graça!
Gosto de uma ilustração que ouvi um dia... Uma pessoa que estava caída nas drogas, literalmente... E uma missionária teria passado por ali e visto um anjo, assentado ao lado daquele moribundo... Deus não nos abandona. Ele não desiste de nós!!!!! Não importa o que digam pra você -  acredite: Ele nunca nos deixa!!!
Que amor é esse?
Um amor incondicional- não tem condição, não há nada que possamos fazer ou deixar de fazer, temos apenas que crer e receber esse amor!
Um amor que nos dá a garantia de seu cuidado. O salmista diz que em qualquer situação que estivermos a mão de Deus nos guiará (nos dará a direção, nos mostrará o caminho a seguir) e sua mão direita nos sustentará  (nos carregará)!

Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.

Eu fico emocionada nesse trecho. Deus já nos amava antes de nascermos. Os rins eram  tratados nos tempos bíblicos como a sede das emoções. Ele possuía nossos rins antes de nascermos e já nos cobriu estando ainda na barriga de nossa mãe.


Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.

Novamente o cuidado de Deus conosco- ele nos teceu, entreteceu e já nos amou...

Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.

E Ele escreveu nossa história antes de nascermos!
Meu amigo, Deus faz sempre o melhor! Entregue sua vida para Ele, certo de que Ele fará o melhor! Pois tudo o que Ele faz é bom!