domingo, 20 de fevereiro de 2011

POBRE, FEIA E MULHER!


Pra dizer a verdade, o título não é fiel à fonte. Uma vez, eu ouvi um homem em um filme, “xingando” uma mulher, dizendo que ela iria se “ferrar” na vida porque ela era pobre, mulher e negra. “Feia” foi por minha conta.
Antes que alguém sedento de impoluta missão de acusar alguém de racismo ou discriminação qualquer, quero deixar claro que não compartilho em nada com essas idéias.
O livro “Cor Púrpura”, de Alice Walker,  assim como o filme, traz esse diálogo forjado em um mundo machista de décadas passadas, onde esse tipo de afirmação era uma maldita acusação.
O pior, é que essas palavras ainda ressoam de forma tão vívida e atual que deixa a gente meio revoltada com essa verdade. E vem ainda, no bojo de nossos avanços feministas, a outra acusação: “feia!”, que tão cruamente perpetuou o poeta: “As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental!”
E assim, nos esquecemos de nossas forças e nossas singularidades e caímos nessa (sempre) de acreditarmos que a beleza é o mais importante!
Sim, eu sei que todas nós mulheres queremos ser bonitas. Todo ser humano comum sabe, que os mais bonitos (teoricamente – comprovado por pesquisas científicas) ganham mais em todas as situações da vida e em todas as idades. Começando na infância... continuando na vida adulta, com o trabalho, os estudos, a vida amorosa e enfim... em quase todas as situações! Tem professoras em São Paulo, acusadas de serem obesas e perdendo o emprego!
Injustiça inaceitável, eu sei!! E infelizmente, vivemos numa sociedade podre, em que a aparência é tudo. Por isso, ser feia, negra e pobre e ainda por cima, mulher pode ser uma grande peso, um estigma para se carregar.
O preço pode ser alto demais pra se pagar!
Isso se nós mulheres, negras, feias e pobres aceitarmos essa imposição.
Primeiro, o que a cor da pele define em nosso caráter ou em nossas competências?
E o que pode ser considerado feio ou bonito? E a pobreza? É um estado de espírito, de alma ou de posses?
E quem disse que nós mulheres não somos ricas só por termos nascido mulheres? Com a prerrogativa uterina de trazermos o ser humano ao mundo?
É de nós, mulheres, no sentido puro e mais contundente da palavra (me perdoem os mais conservadores do verbo)  que vem a continuação da humanidade – para as mulheres Deus deu a chave da continuação  da humanidade- o dom de parir!!!
Nós mulheres, negras, brancas, vermelhas, amarelas, azuis, cor-de-rosa, seja lá o que for, fomos escolhidas por Deus pra dar continuidade à vida!
Somos seres humanos cheios de amor, de maternidade, cheios das belezas e potencialidades que só as mulheres possuem – a capacidade de se reinventar em várias dentro das mais adversas  situações.
Somos mulheres, que sabem amar, parir, criar, sustentar, manter e sobreviver em uma sociedade muitas vezes injusta com nossa condição.
Somos muito mais do que se pode crer, somos mais do que muitos gostariam de ser... Não importa a cor, a raça, a classe social, ou a simetria das formas- somos mais! Somos únicas! Somos tudo o que os homens precisam: seres humanos do sexo feminino. Somos especiais!  Somos MULHERES!


*Rose Leonel

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