EU SOU O DIÁCONO! VAI ENCARAR?

É incrível como nós, seres humanos, somos suscetíveis a soberba. Os cargos que investem pessoas de status e poder muitas vezes fazem com que elas se sintam superiores aos demais, pobres mortais! Só que as pessoas se esquecem que líderes são pessoas separadas para servir! Servir exige um coração humilde, imbuído da graça e do amor de Deus. Jesus lavou os pés dos discípulos, para ser exemplo!


Creio que muitas pessoas se sentem realizadas dentro das igrejas quando recebem algum cargo e isso vem de encontro à suas necessidades de realização e de valorização. Pessoas que necessitam de reconhecimento dos outros.

E todos nós somos assim, queremos ser reconhecidos. Queremos receber gratidão em troca do que fazemos. O amor incondicional de Deus é algo que precisamos aprender.

Mas quem é professor, quem mais sabe e quem tem cargos dentro do ministério de Deus, deve saber que mais lhe será cobrado. E que quem está em pé deve cuidar para que não caia. E a soberba é um tapete muito liso, onde muitas pessoas costumam escorregar.

Assim, bons modos, educação e um coração cheio do amor de Deus são ingredientes fundamentais no trato com as pessoas, principalmente dentro das igrejas.

Certo domingo, contemplei uma cena. Igreja cheia, lotada e um senhor, de cara bem contrariada e de bigode tenso, se aproxima de duas pessoas sentadas em degraus no fundo da igreja. Visivelmente “armado”, meneando a cabeça, ele atravessa a nave da igreja, a passos rápidos e aproxima-se. Sem cuidado, despido de qualquer simpatia ou de qualquer tentativa de ser agradável, ricocheteia, ríspidamente, em alto e bom som :

-Você não pode se sentar aí! Aí não é lugar! É escada e tem que deixar livre! Se quiserem se sentar tem lugar lá na frente, no púlpito. Tem que sair daí!

A abordagem feita de forma brusca, mal humorada, imperativa, em voz audível demais e sem qualquer tato com certeza causou um mal estar nos ouvintes atentos à pregação. Eles estavam empoleirados na escadaria, sem qualquer conforto, mas procuravam estar ali, na igreja... onde não esperavam receber uma exortação tão grosseira por tentarem ouvir a voz de Deus.

Comecei a me perguntar: onde está o amor de Deus e o que os líderes que se dizem engajados no ministério do Pai fazem com as escrituras Sagradas. Principalmente com o versículo: “Aquele que diz que ama a Deus e não ama seu irmão, é mentiroso!” Depois me perguntei como os homens se sentem no direito de querer dificultar o acesso das pessoas à Casa de Deus e como isso ocorre com tanta freqüência.

Visivelmente constrangidos, os membros saltaram do degrau do fundo da igreja. Quem estava perto nem ousou olhar para os personagens da situação, tamanho era o constrangimento do momento. Tentando saber quem era a pessoa “caridosa e cheia do amor cristão” que constrangeu e os expulsou dali, a pessoa que foi posta pra correr, ainda teve tempo de fazer a pergunta, diante de tanta falta de traquejo, de amor e de zelo pelo próximo:

_ Irmão, como é seu nome?

Ele, sem titubear e sem perder a pose imponente e cheia de poder, aprumou o peito e engrossou um pouco mais a voz E ESBRAVEJOU:

__ Eu sou “fulano de tal”. Eu sou DIÁCONO!