sábado, 7 de novembro de 2009

O NOME DA ROSA



“Aprendi com a primavera – me deixar cortar e voltar sempre inteira!” Cecília Meireles

Fico me lembrando quando eu estava grávida do meu filho. Sozinha, com minha barriga de quatro meses, me sentei na sala de um apartamento em São Paulo e assisti a uma entrevista do Jô Soares. Era sobre uma mulher que havia se destacado pela superação, pela guinada que conseguiu dar em sua vida.
Ela deixara tudo de sua outra vida, e recomeçara de novo. Não levou nada consigo. Totalmente desapegada, ela começou tudo de novo, apenas levando a roupa do corpo. E deu certo! Ela recomeçou e venceu!
Assim também quero fazer. E falar: vim, vi e venci! Não vou desistir!
Aquela noite, vendo aquela mulher que falava sobre o poder de acreditar e lutar pelo que se acreditava, eu tive um insight. Ali, sozinha, comendo batatas Rufles, eu decidi: eu posso e vou mudar minha vida!
Foi preponderante para mim aquela noite. Inspiradora! Deixei um casamento falido, uma profissão que já não me entusiasmava mais e fui atrás de outra vida. Mudei tanto que parecia que aquela pessoa já não existia mais e que nunca existiu... talvez...
Então, me tornei Rose Leonel. Minha profissão definiu meu nome. Antes eu era Rosemary Leonel. Depois que comecei a trabalhar como jornalista, precisava de um nome para assinar as matérias. Assim, cheguei em um consenso comigo mesma e dei origem a Rose Leonel - quatro meses depois que meu filho nasceu.
Hoje, meu filho diz que preciso mudar de nome. “Seria melhor pra você e pras crianças”, me aconselha um “amigo”, condoído com minha situação. Penso então – eu, mudar de nome?
Não, não me envergonho do meu nome, embora eu pague um preço muito alto pra ser quem sou. Não é para qualquer um... Ser Rose Leonel implica em ser sozinha, cuidadosa, cansada, estressada, conhecida, julgada, discriminada, condenada e obrigada a lutar contra um estigma que insiste em se estabelecer sobre o nome... E nessa guerra, digo: _Não! Eu sei quem eu sou e nada vai mudar isso!
Mas o estigma insiste em me bombardear, dizendo: _Você é pecadora, errada, culpada e fadada a sofrer a vida toda. Você é mulher!(a parte cultural e milenarmente mais fraca)!
E me ergo sobre essa situação e digo: _Não!
E nessa luta de identidade, entre o que eu sou e o que meu nome representa frente ao estigma que insiste em denegri-lo, entre o que as pessoas pensam que sabem que sou, e entre o implacável pré-conceito, me sinto muitas vezes acuada. Fico zonza e logo choro e penso que eu queria mudar sim, não de nome, mas de vida, de corpo, de alma, de país, de mundo... Afinal, ser Rose Leonel não é pra qualquer um!
Daí fico pensando: em quem eu acredito? No que eu acredito?
O que eu quero? Porque estou aqui e porque tudo isso... Mas o único eco que tenho ... é o meu nome... que me leva a repensar, mesmo que não queira, em quem eu sou. Depois de muita lágrima perdida, volto a consciência e me lembro de quem eu sou e de como tenho que lutar pra continuar sendo! E então, depois de um longo caminho, que acabo percorrendo por inúmeras vezes, redescubro, aliviada: EU SEI QUEM EU SOU!!!! Sou Rose Leonel!



7 comentários:

  1. oiii rose li sua cronita gostei muito foi um desabafo disse realmente como se sente, como esta sendo sua vida agora,oque tem passando.....so lhe digo uma coisa siga em frente ,corra atras de seus sonhos de cabeça erguida porque vc merece torço muito por vc,ja demostrou ser uma guerreira e admiro pessoas assim... que deus te proteja sempre...beijusssss soninha

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  2. Sua força é uma lição de vida p quem pensa em desistir. Lute sempre de cbça erguida. O pior machismo e discriminação vem da nossa própria classe, as mulheres. Admiro seu poder de superação ainda que custe muitas lágrimas. Acredito que nascer de novo, ressurgir das cinzas, é um exercício e tanto. O que consola é que a gente vem mais imunizada contra as agruras desta vida. bj. Fica c Deus. Tarcila

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  3. Infelizmente Rose, a vida não perdoa certas coisas.

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  4. você é linda e inteligente e isso basta...

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  5. Querida Rose

    Será sempre a Rose Leonel, de cabeça erguida, altiva, que nada deve, ao contrário, é credora! Os que a feriram lhe devem. E muito.
    Envio para o você um poema do magnífico Mário Quintana:

    Todos esses que aí estão
    Atravancando meu caminho.
    Eles passarão;
    Eu, passarinho!

    Abraço

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  6. Rose,
    Conheço você dos tempos de “Jornal Hoje”, sempre tive em ti a imagem de uma MULHER inteligente, batalhadora, honesta, dedicada e extremamente envolvida com sua família.
    O cuidado com os mínimos detalhes de seu trabalho tornou gratificante o convívio contigo. Independente da forma de vestir, andar ou falar, sempre mostrou muita decência e uma postura recatada diante de todos e de tudo.
    São MULHERES como você, que ensinam muitos a erguerem a cabeça e continuar batalhando, são formadoras de opinião de seu gabarito que vão mudar a sociedade deixando de cometer violências Misoginia e Machistas no futuro.

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  7. Gente, obrigada. Obrigada mesmo!!!!Não tenho palavras pra agradecer!

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