De repente...
De repente, o amante
Se fez algoz,
O amado se fez de rogado,
O adorado se fez de
Odiado
O protetor se revelou
Um impostor...
De repente, a vida
Contesta, contenda,
Se arma de fendas e
Suga para baixo
Quem já brotou!
Incontestável,
Detestável,
Indomável,
Inclassificável
Quem um dia amou
E depois, num golpe de
Pura maldade
Simplesmente odiou!
De repente,
O momento de pura ternura
Se torna uma tela impura
A candura
Desapareceu
E as tintas
Afloraram em profusão-
Profunda confusão!
Confissão,
De amantes refestelados,
Embriagados de pura paixão!
Mas o animal escondido
Do homem, no homem
Foi mais forte que
Seu dono
Mostrou os dentes
Ladrou
Esbravejou
Despedaçou
Dilacerou
O coração
Que um dia,
De quem um dia amou!!!
De repente,
O enamorado
Se fez carrasco
O galanteador
Contaminado
Pelo próprio veneno
Desfez
Em mil pedaços
Lembranças de um passado
Que pra ele, não passou!!!
Envolto em
Migalhas
Cheio de frangalhos,
Repleto de estilhaços
Que cheiram a dor
A agonia
De mãos amarradas
Tensas e retesadas
Cheias de ignomínia
De repente
A vida
Se fez morte
A luta, batalha
E o dia, uma guerra
Sem trégua
Omissa,
Incompreendida,
Solitária,
Dolorida
Travada em terras
Cruas, nuas, bruscas
Repletas de afrontas
Escassas de bondade
Contaminadas
De pura perversidade!
De repente,
Você ficou para trás
Não me lembro mais
Do seu rosto
Do seu gosto
Do seu cheiro...
Nem mesmo
De você!!!
Você existiu?!
A distância
Entre o sonho
E a realidade
Tornam inverossímel
Tamanha atrocidade...
Talvez, tudo tenha sido
Um pesadelo,
Talvez, o veneno
Tenha te acometido
Exalado por tuas têmporas,
Se misturado
Àquilo que corre
Por suas veias
Que imita o sangue
Única coisa que
Não o deixa inanimado!
De repente,
Tua máscara caiu!
Te vejo
Só
Nú
Fraco,
Impossibilitado
Sem ninguém
Pra aplacar sua ira
Esconder sua vergonha
Esquecer teu passado
Apagar seu desvario!
Perdoar?
Sim!
Para que ajudá-lo a se perder
No ranço de um marasmo
De nostálgica esquizofrenia?!
Perdoar é libertar
De sua própria vilania.
De repente
Essa história
De fúria
Inusitada
Acaba ...
De repente,
Tudo fica no passado!
A dor,
A vergonha,
A lamúria,
A desventura!
E a maldade
Que assolou terras impróprias
Simplesmente
Acaba
Como
Se nada
Nada
Simplesmente nada
Tivesse, realmente, acontecido!
Tão de repente...
*Rose Leonel
sábado, 19 de junho de 2010
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